terça-feira, 7 de julho de 2015

                                                                     Os Leigos


É bastante notável que a palavra ¨ leigo ¨ proceda do termo grego ¨ Laós¨  ( povo ).
¨ Leigo ¨ significa, portanto ¨ um do povo ¨. Sob este aspecto, é uma palavra muito bela. Uma longa evolução histórica levou infelizmente a que, na linguagem profana, sobretudo política, o termo ¨ leigo¨ conotasse uma oposição á religião e, em particular, á Igreja.
Na linguagem cristã, chama-se ¨ leigo¨ o membro do Povo de Deus que vive no meio do mundo, engajado nas condições ordinárias da vida familiar e social. Procura o Reino de Deus trabalhando na santificação do mundo, á imagem do fermento que deve levedar toda a massa. Age de maneira que essas realidades temporais se amoldem e prosperem constantemente segundo as exigências do Evangelho. Não se compreende, portanto, o caráter secular dos leigos segundo  uma dimensão puramente ¨ mundana¨, pois os leigos são batizados que trabalham no mundo como filhos adotivos de Deus; são chamados a ter uma consciência, cada vez mais clara, não é só de pertencerem á Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra ¨, sob a guia do Papa, dos bispos em comunhão, com ele, e dos sacerdotes que são colaboradores dos bispos ( CF. JOÃO PAULO II, CHRISTIFIDELES LAICI NÚMERO 9).

Por serem batizados e confirmados, os leigos devem engajar-se na missão que Cristo deu a todo o Povo de Deus: participam, a seu modo, na função sacerdotal, profética e real de Cristo.


A FUNÇÃO SACERDOTAL : Jesus é o único Sacerdote que se ofereceu ao Pai para a sua glória e para a salvação do mundo. Dá seu Espirito aos batizados para que sejam como Ele: levam bons frutos ao mundo, e Jesus engloba-os na sua própria oferenda ao Pai, para que toda a sua vida seja em louvor e glória a Deus.
¨ Todas as suas obras, orações e iniciativas apostólicas, a vida familiar e conjugal, o trabalho cotidiano, o descanso do espírito e do corpo, se forem realizados no Espírito, e até mesmo as contrariedades da vida, se levadas com paciência, convertem-se em sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo; e na celebração Eucaristia, tudo isso é oferecido piedosamente ao Pai, juntamente com a oblação do corpo do Senhor. Assim também os leigos, procedendo santamente em toda a parte como adoradores, consagram a Deus o próprio mundo¨ ( LUMEN GEMTIUM 34 ).

A FUNÇÃO PROFÉTICA :  Muitos pensam que o anúncio do Evangelho está reservado aos padres e religiosos. Com efeito, Jesus, o grande Profeta, pede a todos os batizados que sejam suas testemunhas; confia-lhes a missão de fazerem resplandecer a força do Evangelho todos os dias da sua vida, na família e também em todas as suas relações. Em todos os lugares onde vivem os leigos, em todos os setores de atividade em que estão engajados, são chamados a testemunhar sua fé através da palavra e da sua maneira de viver, a fim de dar um grande impulso á nova evangelização.


A FUNÇÃO REAL : o Cristo Rei faz todos os batizados partícipes de sua realeza,, libertando-os da escravidão do pecado. Os santos já não são arrastados, malgrado eles, pelas suas paixões e pelas forças do mal; são senhores de si mesmos, porque tudo neles está purificado, pacificado, iluminado pelo Espírito Santo. São livres. Tal é a nossa vocação cristã. A conseguencia é importante, porque, se soubermos dominar as forças do nosso ser à luz do Evangelho, a mais simples das nossas atividades, as mais cotidianas unem-se ao esforço de todos os homens de boa vontade que trabalham por melhorar as condições de vida da humanidade. É deste modo que os leigos cristãos colaboram na obra do Criador. Cada um no seu lugar, promovem uma nova cultura e uma civilização de vida e de verdade, de justiça e de paz, de solidariedade e de amor, que permitirá que Cristo seja tudo em todos.
É esta a razão pela qual o papel específico dos leigos na Igreja exige, da parte deles, uma profunda vida espiritual que tende, a cada dia, para a santidade. É, graças ao seu compromisso pessoal de santificação no meio do mundo, que os leigos participam na santidade da Igreja. Com efeito, a Igreja é Santa e todos os seus membros são chamados á santidade. Esta vocação á santidade é a mesma para todos, bispos, sacerdotes, religiosos, leigos, ricos e pobres. O grau de santidade não depende da posição na sociedade ou na Igreja; depende unicamente do grau de caridade que se possui ( CF. 1 COR 13).



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