quarta-feira, 2 de setembro de 2015

                                                SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO



¨ Jesus no Santíssimo Sacramento, tem as mãos de graças, pronto a concede-las a qualquer um que venha pedi-las.¨


Quando contemplamos um céu estrelado, extasiamo-nos com as miríades de astros a cintilarem nas etérias vastidões. Entretanto, outra constelação há, ainda mais bela e reluzente que a fixada no firmamento : são os santos da Igreja Católica, fulgurantes exemplos para todos os fiéis. Um desses grandes luminares do Cristianismo é Santo Afonso Maria De Ligório.

No dia 1 de Agosto se comemora a festa de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo, confessor e Doutor da Igreja. Fundador da Congregação Do Santíssimo Redentor, é o tratadista por excelência da moral católica, e se destacou por sua profunda devoção a Nossa Senhora, em louvor da qual escreveu uma de suas mais belas obras, as Glórias de Maria. Dele temos esse síntese biográfica, escrita por Dom Guéranger :
Afonso Maria de Ligório nasceu de pais nobres, em Nápoles, a 27 de Setembro de 1696. Sua juventude foi piedosa, estudiosa e caritativa. Aos 17 anos ele era doutor em direito civil e canônico. E começava pouco depois uma brilhante carreira de advogado. Mas nem seu sucesso, nem as instancias de seu pai, que o queria casado, o impediram de deixar o mundo. Diante dl altar de Nossa Senhora, fez o voto de se tornar sacerdote.
Ordenado Padre em 1726, consagrou-se á pregação.  Em 1729, uma epidemia permitiu-lhe que se dedicasse aos doentes em Nápoles. Pouco depois retirou-se com companheiros, a Santa Maria dos Montes, e com eles se preparou para a evangelização dos campos.
Em 1732, estabeleceu a Congregação do Santíssimo Redentor, que lhe deveria acarretar numerosas dificuldades e perseguições. Mas enfim os postulantes afluirão e o Instituto se expandiu rapidamente. Em 1762 foi nomeado Bispo de Santa Ágata dos Godos, perto de Nápoles. Empreendeu ato contínuo a visita á sua diocese, pregando em todas as paróquias e reformando o clero. Ele continuava a dirigir seu Instituto e o das Religiosas que tinha fundado para servir de apoio, por sua oração contemplativa, a seus filhos missionários.
Em 1765, demitiu-se do ministério episcopal e voltou a viver entre seus filhos.
Dentro em pouco uma cisão se produziu no Instituto dos Redentoristas e Santo Afonso se viu expulso de sua própria Família Religiosa.
A proporção foi muito grande, mas ele não perdeu  a coragem e predisse mesmo que a unidade se restabeleceria depois de sua morte. Ás suas doenças se acrescentaram sofrimentos morais que lhe causaram longas crises de escrúpulos e diversas tentações.
Porém, seu amor a Deus não fez senão crescer.
Enfim, no dia 1 de Agosto de 1787, entregou sua alma ao Senhor, na hora em que os sinos tocavam o Angelus. Gregório XVI o inscreveu no catálogo dos santos em 1839, e Pio IX o declarou Doutor da Igreja.

NO MEIO DE UMA SITUAÇÃO EMINENTE, O TÚNEL ESCURO

Pela descrição acima, percebe-se que a trajetória terrena de Santo Afonso teve um determinado momento comparável a um túnel escuro, por onde ele foi obrigado a passar. Não se trata de uma provação ou sofrimento, mas de uma espécie de desengano pelo qual tudo quanto ele podia humanamente considerar como dando significado á sua vida, parecia ruir. Ele se tornava privado de qualquer dom, vantagem ou bem que não fosse a pura graça de Deus, atuando de um modo provavelmente insensível no interior de sua alma.
Era um advogado brilhante, dotado de invulgar inteligencia, nascido de família nobre, que abandonou uma situação humana auspiciosa e capaz de lhe favorecer a carreira e as ambições, para se dedicar apenas ao sacerdócio. Num passo seguinte, constitui uma Congregação Religiosa. Esse Instituto floresce, e seu fundador se torna um homem bem visto pela Santa Sé. Escreve ótimos livros, difundidos por toda a Europa, e é aclamado como um mestre de grande peso na vida  intelectual católica de seu tempo. Pouco depois é elevado ao episcopado.
Sem dúvida, uma situação eminente, com todos os aspectos de uma vocação bem sucedida :
Como padre, se fez Religioso, Fundador e superior geral; além disso, com a honra do episcopado, percebendo que o bom odor de sua doutrina perfumava a Europa inteira. Dir-se-ia, pois, que os anseios pelos quais se ordenara haviam se realizado, e a sua vida tinha atingido o objetivo desejado pela Providencia. Nesse apogeu, ele poderia morrer e dizer a Deus, parafraseando São Paulo: ¨ Combati o bom combate, dai-me agora o premio de vossa glória!¨
Ora, no momento em que tudo isso parecia alcançado, uma catástrofe.
Bispo resignatário, doutor e moralista, superior geral da Congregação Religiosa que fundara, Santo Afonso é dela expulso por causa de intrigas, mal entendidos e informações erradas. Imagine-se o que representa para um fundador, ser despedido de sua instituição pela Santa Sé, vendo-se de um momento para outro sem recursos e sem meios de subsistência!


DESTINO DAS ALMAS AMADAS PELA PROVIDENCIA

Acrescente-se a esse revés outra provação : começam a lhe atormentar as doenças, que o acometeram até o fim da vida. Entre elas, uma febre reumática que o paralisou por certo tempo e lhe afetou a posição do pescoço, impedindo-o de permanecer ereto. Passou a viver com a cabeça inclinada, atitude esta refletida em alguns retratos que dele fizeram. Além das enfermidades, sobrevieram escrúpulos, tentações fortíssimas, inclusive contra a pureza e contra a Fé.
Tudo se acumulando num homem alquebrado dessa forma.
Porém, era, este exatamente o premio máximo para coroar a sua existência. Era a crucifixão depois longo apostolado e uma incansável ação em benefício do próximo.
Assim age, o mais das vezes a Providencia em relação ás almas que Ela ama.
São certas situações em que todos os infortúnios se congregam e há uma espécie de escrúpulo em geral. Depois, a alma purificada, lavada pelo sofrimento, volta a gozar da graça de Deus. Então ela respira, sente-se outra, transformada.
Naturalmente, essa foi a última nota da santificação, o derradeiro esforço que Nosso Senhor exigiu de Santo Afonso de Ligório.







LUTAS CONTRA O JANSENISMO

Cumpre dizer que grande parte das perseguições sofridas por Santo Afonso foram motivadas pelo jansenismo que grassava no seu tempo, e ao qual ele se opunha com zelo e vigor intensos.
A corrente jansenista, a pretexto de serenidade, acabava inculcando os preceitos morais tão erradamente que a pessoa desanimava de se salvar, pois afinal de contas não podia cumprir aquela moral de fariseus, como eles a apresentavam.
O ponto mais desconcertante defendido pelo jansenismo dizia respeito á doutrina da predestinação. Segundo esta, o homem deveria cumprir aquela moral tremendamente severa, pairando sobre ele o olhar propenso á irritação e á vingança de um Deus, cuja santidade consistia apenas em estar á espera do pecado para infligir o castigo.
De outro lado, entretanto, afirmavam os jansenistas que o céu e o inferno não são dados aos homens em razão de suas boas ou más obras, porque Deus predestina para este ou aquele quem entende. De maneira que a pessoa pode a vida inteira, pecando e ir para o céu, ou praticando bons atos e cair no inferno, conforme o desejo Divino.
Ora, sendo assim, fácil é compreender como os homens perdiam completamente o alento para praticar a virtude e também o motivo para não cair no vício. Pois em última analise, se eu acabo condenado embora passe a vida inteira realizando atos de virtude, em suma não sou livre de fazer ou não fazer algo, porque é Deus quem resolve e não eu. Então, para que me esforçar em levar uma santa?
No fundo, era uma pregação da imoralidade. Por causa disso, segundo muitos vislumbres históricos, os jansenistas tinham suas falsidades ocultas. Por exemplo, jejuavam amiúde, mas eram grandes gastrônomos .  E uma das omeletes reputadas por mais saborosas no tempo era chamada de La Janseniste, com a qual eles se regalavam escondidas durante seus ¨ jejuns ¨.
Não bastavam esses desvios,  os jansenistas atacavam ainda as devoções mais elevadas e recomendáveis como, por exemplo, o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Conta-se mesmo o caso de certo Bispo de Pistoia, Scipione de´Ricci, que mandou pintar em sua residencia um quadro representando uma devota lançando ao fogo a estampa do Sagrado Coração, como se fosse objeto supersticioso, enquanto ele, Ricci, segura a Cruz e o Cálice com a Eucaristia, símbolos da autentica piedade ( como a entendiam ).
Essa recusa se explica pelo fato de a devoção ao Sagrado Coração de Jesus ser, de algum modo, o anti-jansenismo. Ela inculca a bondade, a misericórdia, a paciencia do Salvador, e demonstra a verdade de que o homem, por meio de suas boas obras, pode agradar a Deus e alcançar a salvação. Manifesta, outrossim, que nosso Deus justo é repleto de amor, e não um tirano arbitrário, um implacável cobrador de impostos em relação á humanidade compreende-se portanto, que em face dessa corrente jansenismo Santo Afonso Maria de Ligório tenha tomado uma posição muito enérgica nas suas obras de moral. E que haja sofrido, em consequência, toda sorte de ataques e perseguições de seus oponentes, chegando ao auge dos reveses e infortúnios acima mencionados.




LIÇÃO DE VIDA PARA TODOS OS CATÓLICOS





Devemos considerar nessa experiencia de Santo Afonso, laboriosa, semeada de provações mas coroada pelo triunfo da virtude, uma lição de confiança para todos nós. Nos piores momentos das tentações, nas rudezas das perseguições, quando os seus mais próximos lhe infligiram cruéis dissabores, ele jamais desanimou, nunca flectiu no seu desejo de alcançar a santidade, crescendo em piedade e devoção á medida que avultavam os sofrimentos.
Vem a propósito recordar aqui um pequeno episódio do fim da vida dele, quando já não podia transitar por si próprio, sendo conduzido em cadeira de rodas, por um Irmão Leigo Redentorista. Então passeavam pelo convento percorrendo os jardins e os pátios internos, enquanto faziam suas orações.
Mais de uma vez aconteceu de Santo Afonso perguntar ao seu companheiro:
- Irmão, já rezamos tal Mistério do Rosário?
O bom discípulo, igualmente alquebrado pela idade, não se recordava ao certo, e respondia:
- SR. BISPO, não me lembro muito bem, mas acredito que sim. Em todo o caso, já rezamos tantos terços, que Nossa Senhora não se importara se não tivermos contemplado tal ou tal Mistério...
E Santo Afonso replicava : - Oh! meu caro Irmão, isso não! se eu passar um dia sem recitar o Rosário completo,  posso perder a minha alma!
Essa é a constância a coragem, o animo perseverante de um santo sobre o qual se abateram todas as tempestades, ora, o que se deu com ele, pode suceder na vida de qualquer um de nós.
Quantas vezes já não teremos passado por aflições e reveses semelhantes aos que atormentaram Santo Afonso?!
E, não raro, trazendo consigo a impressão de um desabamento, de algo que ruiu, por terra, de um caminho intransponível.
Entretanto, após um período curto ou longo de agruras, surge mais luz, mais amparo, outras vitórias, outras alegrias. E assim, com sucessões de túneis e de estradas largas, Nossa Senhora vai nos conduzindo para realizarmos os designios  d´ Ela e de seu Divino Filho a nosso respeito.
Imitemos, pois, Santo Afonso na sua perseverança, na sua confiança humilde e profunda, compreendendo que em nossa vida espiritual haveremos de  nos deparar com túneis escuros, sem termos de nos aterrorizar com eles.
Para além dessa escuridão, a Providencia nos traça uma via ainda mais luminosa e mais bela que a anterior.
Essas são algumas reflexões que nos sugerem a extraordinária e edificante existência de Santo Afonso de Ligório.

   ( LIVRO GLÓRIAS DE MARIA, ESCRITO POR SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO )


  FAMÍLIA RELIGIOSA REDENTORISTA FUNDADA POR SANTO AFONSO DE LIGÓRIO :
               ( CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO REDENTOR - PADRES E IRMÃOS )






                                     ( HÁBITO DOS MISSIONÁRIOS REDENTORISTAS )


                                                     MONJAS REDENTORISTAS






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