PURGATÓRIO! COMO EVITÁ-LO?
( TERCEIRA PARTE )
DEVEMOS EVITAR A TODO CUSTO A PASSAGEM PELO PURGATÓRIO
Esta comemoração também traz consigo um ensinamento de grande proveito espiritual, no qual deitaremos a atenção, sem nos determos demasiado no amplo leque de leituras que a Liturgia oferece neste dia.
A TRAGÉDIA DA MORTE
Todos nós somos obrigados a enfrentar dificuldades e dores nesta vida, pois ninguém está isento delas. O sofrimento suportado com resignação cristã tem um papel purificador, corretivo, que faz dele como que um oitavo sacramento.
Entre as muitas tribulações há uma que, embora seja mera possibilidade quanto á data, de si é uma certeza absoluta para todos : a morte. Com efeito, estamos na Terra apenas de passagem, e nossa meta final é o Céu. Todavia, por ser esta uma verdade tão dura, custa-nos mante-la diante dos olhos, pois gostaríamos de transpor os umbrais da eternidade sem suportar o trágico transe em que a alma se separa do corpo.
Com o intuito de manter viva na mente dos fiéis tal realidade, Santo Afonso Maria de Ligório recomendava que se representasse na imaginação o cadáver de um recém-falecido, e se meditasse sobre o processo que se segue á morte : como o corpo é comido pelos vermes, e até mesmo os ossos, com o tempo, se esfarelam e se convertem em pó. É a situação, quanto ao corpo, de quem partiu deste mundo. Mas quantos já ¨ viajaram ¨ e ainda não alcançaram a felicidade eterna, e estão penando no fogo do Purgatório! É o que pode acontecer a qualquer um de nós hoje, amanhã ou mais tarde : perde as forças, dá os últimos suspiros, percebe que a alma vai abandonar o corpo, vê-lo-á como se fosse o de um terceiro, imóvel, inerte, gelando... A seguir vem o juízo. Depois, para onde irá? Não sabemos. Para nós mesmos é impossível, nesta vida, prever se vamos para o Purgatório ou não...
A SERIEDADE DO PURGATÓRIO
Ora, não pensemos que, pelo fato de termos praticado este ou aquele ato bom ao longo existência, na hora do julgamento particular poderemos evitar o Purgatório com um sorriso dirigido ao Juiz - o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo! -, que O enternece e, esquecendo todas as nossas faltas, nos introduz na glória... Não é o que Ele afirmou no Evangelho e está registrado nas Sagradas Escrituras, como, por exemplo, no Livro da Sabedoria, em que encontramos inúmeras comparações entre a morte do justo e a do ímpio ( CF. SB 3, 1 - 19; 4, 16-20; 5, 14-15).
Portanto, se estamos convictos da obrigação de orar pelas almas do Purgatório, mais ainda - segundo reza o conhecido adágio popular : ¨ a caridade começa pela própria casa¨ - necessitamos nos convencer de que não basta temer apenas o inferno, pois é preciso temer também o Purgatório. Para isto devemos, antes de tudo, eliminar a ideia de irrelevância do pecado venial e tomá-lo a sério como Deus o toma, não só esforçando-nos por manter o estado de graça, mas procurando a santidade com uma perseverança cheia de vigilância, de amor e de receio de se aproximar das ocasiões de pecado. Se uma amizade, certa situação ou programa de televisão me fazem escorregar, hei de fugir, preferindo mortificar-me aqui a ter de padecer no Purgatório. Quanto tempo, em meio a tormentos tremendos, poderá custar-me a recusa de uma hora de sacrifício na Terra?
Alimentando nossa alma pela fé, rumo á eternidade, esforcemo-nos para levar uma vida integra e santa, de maneira a merecer ir direto para o Céu. Se, pelo contrário, não nos compenetramos da perfeição que Deus exige de nós, quando morremos - queira Deus que na sua graça! - teremos de nos purificar no Purgatório.
A EXIGÊNCIA DA VIGILÂNCIA
Ao contar a parábola das dez virgens - uma das opções de Evangelho que a liturgia propõe para este dia ( MT 25, 1 - 13 ) -, Nosso Senhor quis nos mostrar o quanto é preciso estar preparado para a morte, pois ela vem na hora mais inesperada. Naquele tempo o ato principal das festas de casamento era o ingresso da esposa na casa do esposo. Rodeada de certo número de virgens suas amigas, aguardava ela o noivo, que vinha com os amigos, para juntos iniciarem o solene cortejo até sua nova moradia, em geral depois do por do Sol, á luz de lampadas e tochas, cantando e tocando alegremente. Na Narração evangélica as virgens prudentes, prevendo uma eventual demora do noivo, guardaram uma provisão de azeite a fim de estarem com as lampadas acessas á chegada deste; as outras, porém, gastaram todo o azeite e suas lampadas estavam prestes a apagar-se quando o noivo foi anunciado, pelo que suplicaram ás primeiras lhes cedessem um pouco do que tinham. Mas as prudentes, receando não ser suficiente para todas, negaram-no as companheiras. Eis uma imagem a respeito da morte, face á qual cada um terá de arcar com sua própria ¨ provisão ¨ de méritos, não podendo confiar na alheia. Ante Deus há uma responsabilidade pessoal intransferível, da qual teremos de prestar contas. Se não agirmos como devemos, poderemos escutar a terrível sentença do Juiz : ¨ Não vos conheço! ¨ ( MT 25, 12 ). E se Lhe perguntarmos o porque dessas duras palavras, Ele nos responderá : ¨ Porque não vivestes de acordo com os meus princípios, a minha mentalidade e os meus Mandamentos.¨
A mesma mensagem nos é transmitida em outras leituras evangélicas para esta comemoração ( LC 12, 35 - 40 ): a parábola dos servos que aguardavam a chegada do Senhor. Jesus inicia suas palavras recomendando ¨ Que vossos rins estejam cingidos e as lampadas acessas ¨ ( LC 12, 35 ). A expressão ¨ rins cingidos ¨ é sinônimo de disponibilidade para o serviço, já que, naquela época, os orientais recolhiam suas longas túnicas não só para andar, mas também para servir á mesa. Em nosso caso, trata-se de estarmos prontos para a prática da virtude da caridade. Quanto ás ¨ lampadas acessas ¨, significa, mais uma vez, a importância de termos a atenção muito viva e atilada para evitar as ocasiões próximas de pecado, bem como de nos mantermos em oração. Permaneçamos como as virgens prudentes ou como estes homens á espero do regresso do senhor de uma festa de casamento, com a lamparina cheia de azeite, ou seja, sempre vigilantes, evitando tudo o que possa nos conduzir ao Purgatório. ¨ Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos O esperardes¨ ( LC 12, 40).
( FONTE : ARTIGO DO MONSENHOR JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, EP DA REVISTA ARAUTOS DO EVANGELHO. )
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